Crônicas de um
tempo peculiar
Uma confissão
Eduardo Silva
Sei que talvez a geração mais nova não seja lá muito acostumada a ouvir as palavras “confissão” ou “confessionário” no sentido que aqui trago. No máximo podem achar que falo de algum quadro de reality show ou algo do gênero. Mas de início preciso esclarecer que não. Refiro-me a confessar pecados a um padre mesmo. Ainda há pessoas, digamos, peculiares, como eu, que se prestam a isso.
Ao longo da vida, vamos sempre sentindo necessidade de encontrar formas de fazer escoar certos excessos que vamos acumulando. Más escolhas, conflitos de relacionamentos, falas ditas sem reflexão (ou talvez com excesso de reflexão maldosa), pensamentos provindos sabe-se lá de que precipício da consciência, enfim, todo um arcabouço de resíduos a se descartar. Uns não estão muito preocupados em se desfazer desses badulaques. Outros despejam esses acúmulos na terapia. Os católicos insistem num método menos freudiano (ainda que não o desprezem de todo) e mais medieval (sem nada de pejorativo no termo): a tal da confissão.